Por José Miguel Prestes
O ano de 2011 pareceu longo demais para o torcedor palmeirense. Na verdade, o ano, pelo contrário, foi mais curto do que deveria. Todos os campeonatos terminaram mais cedo para o alviverde. E ainda, no último torneio do ano, tudo o que restou foi ficar torcendo por um adiamento do seu final, para não ver o grande rival se sagrar campeão.
Mas apesar do aparente pessimismo inicial, este texto tem o objetivo de iniciar 2012 passando alguma esperança. Só que tentar fazer o torcedor palmeirense ver apenas o lado positivo das coisas é algo que a péssima diretoria vem tentando fazer desde que assumiu o comando e que não será feito pela Real. O palestrino, chato pela própria natureza, não sabe ser assim e, mais uma vez, não será. O que este torcedor sabe muito bem, no entanto, é estar sempre junto de seu time, ainda que de cara fechada.
Uma prova disso e motivo para acreditar, mais uma vez, em um renascimento foi o amistoso que abriu a temporada, contra o Ajax, da Holanda. Em um sábado chuvoso, com transmissão ao vivo pela TV aberta e após a péssima temporada de 2011, o Palmeiras colocou 25 mil teimosos no Pacaembu para assistir praticamente o mesmo time do ano passado em um amistoso contra o atual campeão holandês. De diferente, apenas as estreias de Juninho na lateral-esquerda (que praticamente não foi visto em campo) e de São Marcos, na posição de ex-jogador.
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Adriana Vieira: uma das teimosas de Palestra Itália |
Dentro de campo, um futebol burocrático, sem criatividade, durante o jogo todo. Fora dele, o apoio total da torcida, até lá pelos 40 minutos do 2º tempo. Acostumado a ver aquele filme e bom conhecedor do seu final, o torcedor resolveu deixar o seu recado quando o jogo caminhava para o zero a zero. Cantos de protestos tomaram conta da arquibancada. O alvo principal foi novamente a diretoria. Mais especificamente, Frizzo e Tirone. Quando o famoso "ô-ô-ô, queremos jogador" ecoou no Pacaembu, o time nitidamente sentiu dentro de campo. Praticamente 5 minutos apenas tocando a bola de lado, sem arriscar um ataque sequer.
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Torcida que canta e vibra, no Pacaembu |
Quando o protesto se encerrou, a bola ainda estava rolando. Para finalizar, a torcida teve a simples e brilhante ideia de cantar o hino palmeirense. Foi quando o estádio, cheio de mulheres e crianças, se uniu e cantou mais alto. E foi então que o Palmeiras se arriscou novamente ao ataque. Pedro Carmona, que havia entrado no lugar de um dos únicos ídolos do atual elenco - o mago Valdivia, fez o gol de cabeça, completando jogada de Luan.
Na comemoração, homenagem ao Santo. Após ela, o término da partida sem sequer a bola voltar ao meio-de-campo. 1x0 sofrido, após protestos, no último lance da partida. E, por mais difícil que fosse de se imaginar alguns minutos antes, o torcedor deixou o estádio em clima de comemoração. Torcedor que se contenta com pouco? Talvez. Mas, mais do que isso, situação que mostra que no futebol as coisas podem mudar a qualquer momento. E como fazer isso?
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Após a vitória, pizza no Palestra para comemorar |
Nestes primeiros 20 dias de 2012, pudemos ver um bom time júnior disputando a Copa São Paulo. A equipe foi eliminada nas quartas-de-final em um trágico 4x3 contra o Atlético-PR, sofrendo 3 gols em falhas individuais. Mas, como dizem, o objetivo de um time de base não é ser campeão, mas fornecer bons jogadores para o profissional. Ao menos Bruno Dybal (volante), Diego Souza (meia-atacante) e Bruno Sabiá (atacante) tiveram destaque e os considero em condições de reforçar o elenco profissional. A meu ver, Dybal é melhor que João Vitor, Diego Souza melhor que Tinga e Patrik e Sabiá melhor que Vinícius, Fernandão e Ricardo Bueno juntos.
Agora, nos resta ver o que será feito com eles. Se nos últimos anos reclamamos que a categoria de base não fornecia bons jogadores para o time profissional, este ano temos que ficar atentos com o que será feito com esses jogadores. Alguém se lembra de Gilsinho, Bruno Turco e Ramos? Destaques do bom time da Copa São Paulo de 2010, não tiveram grandes oportunidades no elenco profissional e sumiram.
Hoje, o Palmeiras estreia no Campeonato Paulista 2012, fora de casa, contra o Bragantino. Começa o campeonato com Deola e Felipão, suspensos, Bruno no gol, Daniel Carvalho e Juninho provavelmente no banco, Barcos se preparando para assumir a responsabilidade do ataque, e a torcida, ainda que traumatizada pelos últimos anos, sempre junto. Nós, da Real Organizada, queremos renascer com o Palmeiras e ter um 2012 longo o suficiente para voltar a honrar a história palestrina.
Estamos de volta!
Avanti Palestra!